por Consuelo Blocker
Clichê é clichê por uma boa razão: sempre existe nele um tanto de verdade. Paris, a Cidade Luz, é linda. Talvez não se qualifique como clichê, mas se qualifica como verdade. Eu, no entanto, nunca a amei. Não sei bem o porquê. Enquanto em Londres chego e imediatamente me sinto em casa, Paris não me dá essa sensação. Talvez não ajude que, aos 25 anos, numa visita à capital francesa, tenham roubado minha carteira com documentos importantes. Fiquei com um gostinho amargo na boca, mas não acho que foi só isso. Deve ser algo de pele mesmo, como quando a gente se apaixona.
Mas a vida tem um jeito de sempre te surpreender. Vejam só: eu costumava ficar na mesma região, La Concorde. Lá me sentia segura pois conhecia os restaurantes e lojas, achava prático e seguro. Porém, no início de outubro, quando fui a Paris para acompanhar a Semana da Moda, me ofereceram um estúdio na região do Marais. Minha primeira reação foi de não aceitar. Apesar de saber onde ficava o bairro, me parecia longe e não conhecia nada por lá. Por sorte, conferi que o apartamento ficava pertinho do metrô número 1, que me levava em poucos minutos a todos os lugares aonde tinha que ir. Aceitei e… Que sorte a minha! Finalmente descobri a Paris que AMO!
Foi no Marais que encontrei um bairro gostoso e acolhedor onde o aspecto grandioso de Paris encontra uma escala humana. Sabem que, ao longo dos séculos, cada rei, imperador e presidente francês quis deixar sua marca arquitetônica na cidade. Com isso ganhamos maravilhosos monumentos e contrastes como o Louvre e a pirâmide de I.M.Pei, ou o Palais Royal e a instalação de Daniel Buren, as Les Deux Plateaux. Mas também uma cidade que, apesar de linda, intimida.
Marais é um bairro com ruelas pequenas onde se vê famílias e namorados passeando. É antigo, com prédios de quase todos os séculos. Tem ótimos museus (Carnavalet e Picasso entre outros), a praça mais linda de Paris na minha opinião (Place des Vosges) e lojas únicas que ficam abertas no domingo por este ser um bairro judeu – inclusive, tem o melhor sanduíche de falafel da cidade, com filas que se formam diante da janelinha por onde o servem.
No meu pequeno estúdio, fazia o café e ficava na cama ouvindo a vida correr da minha janela. Quando saía, escolhia restaurantes, ia ao supermercado e, lógico, pegava o metrô. Passeei muito pela ruelas e descobri pequenas lojas como aquela que faz bolsas sob medidas (La Maroquinerie Artistique) ou outra lindíssima que vende o caramelo mais delicioso que já provei (Patisserie Meert, na Rue Elzevir).
Aprendi uma lição importante – imaginem, aos 52 anos. Deixe o coração e os horizontes sempre abertos: você pode encontrar o amor! Mais uma vez, é um valor que vejo espelhado na alma da Bontempo, que não se limita a aceitar um “não é possível fazer”. Ou seja, se você sonha, se você abre seus horizontes, tudo é possível!
Consuelo Blocker e Edis, guia turística da Bem in Paris
Dicas
Lojas: Eclaireur, COS, Uniqlo, Bensimon, Merci, Marc le Bihan e centenas de outras
Restaurante único, delicioso e curioso: Derrière Resto (69 Rue des Gravilliers)
Outro tradicional de comida mediterrânea: Chez Marianne (2 Rue des Hospitalières Saint Gervais)
Guia brasileira: Edis, da Bem in Paris
Aluguei meu apartamento com À La Parisienne
Isabela
2 de November de 2016Meu bairro favorito de Paris!
Andrea - Curitiba
2 de November de 2016Paris eh bem assim mesmo: vc ama de cara ou nao....Mas que bom que pode-se mudar no meio do caminho, como vc o fez, nao eh mesmo? O Marais eh encantador!! Gros bisous.....
consueloblog
2 de November de 2016Exatamente! Como tudo na vida! bjs c
Teresa
2 de November de 2016E o Marais ainda tem os mercados-delícia, Enfants Rouges e Aligre, onde se encontra o colorido das frutas, comidas e temperos de várias etnias que compõe o caldeirão Paris!!! Adoro!
consueloblog
2 de November de 2016Q legal! Vai ficar para a próxima! bjs c
Denise Luna
2 de November de 2016Eu ADORO o Marais e tem a creperia mais famosa de Paris, o Breizh Café! E também padarias/docerias judaicas deliciosas.
Bjs
sonia ferrari
2 de November de 2016Oi Consuelo. Adoro Marais Ando por aí há mto anos...esse arrondissement vem sendo revitalizado .As antigas lojinhas dando lugar as grifes mais conhecidas ou não.Acompanhei a mudança da rue Rosiers. Esta mto em alta haut marais com bons restaurantes e mercados. Meu marido é apaixonado no falafel e eu pelas tortinhas de frutas do Chez Marianne.sem falar nas lojas... bjjjjj
Andrea - Curitiba
3 de November de 2016Oi Sonia! Eu sabia que vc iria escrever sobre o Marais!Vc ja eh meio parigotte, nao eh mesmo?? Gros bisous....
Sonia ferrari
3 de November de 2016Oi querida Andrea Saudades....qualquer dia te conto como minhas amigas me chamam Advinhou kkkkkk Bjjjjj
Solange Lopes
2 de November de 2016É tão bom estar aberto ao novo, ele sempre nos surpreende.
Lise Bulcão
2 de November de 2016Impossível não se apaixonar pelo Marais! Andar e se perder por suas ruas, observar de um café o vai e vem das pessoas, descobrir a cada vez uma coisa nova ou rever outras que há tanto tempo estão lá....é um dos bairros mais encantadores de Paris!
consueloblog
2 de November de 2016Verdade! bjs c
Cezar estorani
2 de November de 2016Sempre fico nesse bairro ou nesse arrôndissemente . Meu tio mora nele , então já economizo no hotel . E sempre digo a mesma coisa , fui lá pela primeira vez já era mais adulto aos 35 , e seu eu fosse mais cedo , seria o lugar na qual iria passsar o resto da minha vida . Entendo esse seu amor por londres numa boa . Mas Paris, u-la-la!!!!
consueloblog
3 de November de 2016Rssss! Te entendo... hoje! bjs c
Juliana
3 de November de 2016Consuelo, que delícia de post. Moro em Paris há dois anos, por causa do trabalho. Amo essa cidade, mas reconheço que o clichê de Paris esconde seus defeitos. Como sou paulista, às vezes sinto falta do caos e de (muita) gente na rua. Quando pego o trem e chego a Londres, me encontro no caos. Paris raramente permite isso. É aquela cidade perfeitinha, que quer evitar suas muitas contradições. Aqui (na área central) as lojas ou são muito chics ou são milimetricamente pensadas para serem trendy. Nada aqui é por acaso. Tudo é cuidado. É o tal "savoir-faire" francês. É lindo, eu sei, mas, de vez em quando, cansa. O Marais foge a essa ideia e por isso encanta mesmo. Amo a cidade, mas, como você, de vez em quando, preciso redescobri-la e encontrar nela sua renovação.
consueloblog
3 de November de 2016Muito bacana essa tua exposição!! obrigada! bjs c
Vinicius
4 de November de 2016Consuelo! Que otimo poder ter ajudado nesse amor tardio.. Espero te mostrar outras maravilhas escondidas de Paris logo logo. Um grande beijo do amigo Vinicius
consueloblog
4 de November de 2016Vc foi instrumental!! Não vejo a hora! bjs c
ANA LUCIA FIGUEIRA
4 de December de 2017Consuelo, nunca havia visto teu site, por preguiça.acho.Mas a partir de agora me tornei tua fã.
E ,para começar, um aproveitamento de "salotto": Vinicius,posso ficar com tua direção?Paris é a capital europeia com que melhor me relaciono e amo 0 Marais desde que a conheci.Já havia
planejado no proximo ano passar uma pequena temporada em um apartamento ai.Portanto te descobrir veio muito a calhar.
Consuelo, obrigada por me receber em teu"salotto"e parabéns pela graciosidade e simpatia.
Bjus,
AnaLucia
consueloblog
5 de December de 2017Olá Ana Lucia! Obrigada! Preguiça? Quer dizer q me conheceu em outro lugar... posso pedir onde?
Se vc quiser falar com o Vinicius, pode contatá-lo pelo site A La Parisienne ou pelo direct do insta!
bjs
c
Mirian
29 de December de 2017O Marais é o meu bairro, a coisa mais linda, a delícia de fazer um pic-nic na Place des Vosges e depois, deitada na grama, fechar os olhos e sentir o sol fraquinho no rosto. A rue des Rosiers e as delícias da cozinha judaica, as boutiques na maioria exclusivas, fugindo na unificação das grandes redes. É tudo de bom! E, na rue Bomarche há a melhor loja de artigos para os artistas plásticos, bem em frente ao Cirque d'hiver, que nos anos 50 foi locação do filme Trapézio, com Burt Lancaster e Gina Lolobrigida. Um bairro humano e alegre, que mistura o cheiro de ostras com o dos pães e também os franceses, os judeus, os gays e nós estrangeiros que ali nos sentimos em casa.
consueloblog
3 de January de 2018Q descrição maravilhosa!! Obrigada Mirian!