O potencial das Americas para os produtores de luxo britânicos…


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Semana passada fui a Londres para participar do Walpole Summit sobre as Americas.  A Walpole é uma organização non profit para associados pertencentes a companhias de luxo britânicas.  Neste summit, o objetivo era entender mais sobre o norte e sul america e seu potencial como consumidor deste setor.

Lógico que Brexit, Trump e impeachment estavam na mente de todos.  Com esta instabilidade, como devem se comportar?  Eles sentem que tem potencial e que devem se internacionalizar, mas como?  Seriam as Americas a solução?  Engraçado ouvir isto logo depois de uma eleição que distancia o resto do mundo ao invés de incorporá-lo.  Mas estamos em Londres, e lá o Brexit é um monstro misterioso que todo mundo está tentando domar.

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Os USA são a esperança de todos.  Estão fortes e são habituados a consumir.  Mas eu me pergunto, eles conhecem o produto de luxo inglês?  Antes de responder a isto, temos que definir o que é luxo.  Como diz Costanza Pascolato, o luxo era raro e caro.  Hoje ele só é caro.  Temos que entender que uma bolsa das marcas mais conhecidas não são necessariamente luxo (vejam meu artigo sobre Masstige AQUI)  Ou ao menos não o que era considerado luxo.  Não existe ter que ficar na fila para comprar um produto de luxo.  Não existe levar uma bolsa de luxo para arrumar e ser tratado com desdém.  Serviço e conforto devem fazer parte da equação, e neste caso não fazem.  Uma bolsa de luxo não pode ser produzida em massa.  Estes são pontos importantes a definir.  O que querem vender aos USA e ao mundo (inclusive o Brasil) é o super luxo dos poucos e grandes artesãos ou é o que temos que definir como masstige?

Outra coisa.  Falou-se muitíssimo sobre o novo consumidor de alto luxo ser o Millennial (ou geração Y).  Esta é uma pessoa que possui o seu primeiro artigo de luxo, em média, aos 24 anos.  Ao contrário da geração X e dos baby boomers, eles o ganha de presente.  Ele cresce no luxo e a sua intimidade com ele é grande.  Habituado ao luxo, a sua é uma busca de experiência única e não o luxo de massa, tanto em produtos quanto serviços.

Por exemplo, iates.  Esse é um produto de altíssimo luxo que não dá retorno no teu investimento (como uma casa pode dar).  Mas oferece uma experiência.  E tudo que pode ser associado a essa experiência também vira produto de alto luxo. Usaram o exemplo do pedido de casamento feito no barco.  Tanto o anel, quanto o iate ganham em valor por causa da associação das experiências.

O super luxo é parte do desejo inconsciente do millennial, mas também o sharing (dividir) e sustentabilidade.  Ele não sente a necessidade de ter um carro, já que PODE, querendo, ter qualquer um.  Ele preferirá um self-driven car (o carro que se dirigirá sozinho).  Porém esse deve chegar com todas as suas especificações prontas,  como ar condicionado no ponto certo, as música que ele gosta, o assento ao seu tamanho e as destinações pre-inseridas.  No iate, ele quer que o lixo seja reciclado, ou algo assim.

Mas como pode o pequeno produtor inglês de luxo vender a estes grandes e complexos mercados (nem começamos a falar da dificuldade tributária e burocrática alfandegária brasileira)?  Ao meu ver com o piggyback (nos ombros, na carona).  Por que não ser a marca que o iate, ou até o clube de polo, oferece de cobertores de cashmere, cestas de piquenique, copos de cristal, ou talheres de prata?

Também sugeri que no Brasil as marcas não se concentrassem só em São Paulo que já está saturado de eventos e marcas.  Brasília, Recife, Goiânia, Rio Preto, Uberlândia são só alguns dos centros com potencial de compra e sede de produtos e informação!   Vejam os Estados Unidos.  Continuam sendo um grande mercado, mas não com as mesmas cidades do passado!  Silicon Valley por exemplo é um enorme novo mercado, mas com o seu também novo perfil.

O valor intrínseco do grande produto de luxo precisa de pouca explicação.  Ele é tão maravilhoso… Mas conseguir fazer com que ele seja conhecido é muito mais difícil e importante. Isso seria a distribuição não só do produto, mas também da marca. Tem que ser feito de uma forma íntima, aos novos consumidores, pois é um produto único.  Nada é mais eficiente do que o boca a boca de alguém dentro da tribo de quem consume alto luxo.  Portanto a publicidade em massa acompanha o produto de luxo de massa.  Já o produto de alto luxo exige uma atenção diferenciada.  Pede lealdade ao consumidor e para isso dá enorme serviço e qualidade.

As palavras que mais ouvimos foram:

Millennials
Experiência/Emoção
Autenticidade/Consistência
Exclusividade
Tradição/Valor

Isso por si só já deveria explicar tudo!

Adorei participar deste prestigioso Summit.  Aprendi muito!

Se não conseguir abrir, por favor clique AQUI.

EM INGLÊS

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Last week I was invited to participate in the Walpole Summit on the Americas in London. Walpole is a non profit organization whose members are British luxury companies. This summit’s aim was to understand if and how north and south America can be potential consumers.

Of course Brexit, Trump and the brazilian president’s impeachment were on everyone’s mind. With this instability, how to behave?  The potential is quite obvious and the aim is to internationalize, but how? Would the Americas be the solution? Interesting to hear this soon after an election that distances the rest of the world rather than incorporate. But we are in London, and there Brexit is a mysterious monster that everyone is trying to tame.

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Generally speaking, the USA is everyone’s hope.  They are strong and are used to consume.  Or, as a Anthony Collard, Head of Investments for UK Business Leaders at JP Morgan put it: “they are fighting fit”. But I wonder, do they know the English luxury product?  How informed are they?  But first, before answering this, we have to define what is luxury.  As Costanza Pascolato, brazilian journalist and fashion consultant, says: “Luxury used to be rare and expensive. Today it’s just expensive.”  I believe we have to be aware that a purse from any of the best known brands is not necessarily a luxury product (see my article on Masstige HERE) or at least not what it used to be.  Standing in line to buy anything is not luxury.  To be treated with contempt when you bring your prized piece for repair, is not luxury. Service, anticipating one’s need and comfort should be part of the equation, and in today’s mass luxury market, that is not true. A luxury bag cannot be mass produced!  These are important points to be defined if one is going to place themselves in a new market. What do you want to sell to the USA and the world (including Brazil)?  Is it super luxury of the few and great craftsmanship, or is it what we have defined as masstige?

One more thing.  During the summit, it was mentioned over and over again how the new high luxury consumer is the Millennial (or Generation Y).  This is a person who studies have shown has his first luxury item, on average, at 24.  Unlike Generation X and baby boomers, it was given to them as a present.  They have grown in luxury and are accustomed to it.  Theirs, therefore, is a search for unique EXPERIENCES and not mass luxury.  This is true in both, products and services.

Let us contextualize.  A good example are yachts.  These are very high luxury product that give no return on one’s investment (as a house can). But it offers an experience. And all that can be associated with it, immediately acquires a patina of equally high luxury pizzaz.  We were told of the marriage proposal made in the yacht. Both the ring and the yacht gain in value to the millennial consumer due to the association of experiences.

The super luxury is part of the millennial unconscious desire, however, they are also very interested in the “sharing” and sustainability.  For example, owning a car is not a priority any more, as they can have any car they want. The millennial prefers an automated, or self-driven, car which they can share. Albeit that their car arrives with all the necessary luxury components (beautiful British leather seats anyone?) like air conditioning at their specification (service) , the music they enjoy playing (or not), the seat to their height and the pre-entered destinations suggested or ready for the pick (anticipating needs).  In the yacht, the millennial will want the waste to be recycled in some manner.

But how can the small luxury English producer sell to these large and complex markets (and we haven’t even started talking about the Brazilian tax complexities and bureaucratic customs)?  In my opinion by “piggybacking”.  We heard Bonnie Takhar’s (CEO for Charlotte Olympia) great success stories of her brand with MAC and Havaianas. Why not be the brand that a wonderful yacht builder, or even an exclusive polo club, offers in cashmere blankets, picnic baskets, crystal glasses or silverware?

I also suggested during the summit that if brands are to enter Brazil,  they do not only concentrate on São Paulo which is already saturated with events and brands. Brasilia, Recife, Goiania, Rio Preto, Uberlândia are only some of the centers with great purchasing power and thirst for products, fun (in the form of events, trunk shows, designer presence, etc.) and information!  Take the United States. Still a great market, but not with the same cities as in the past!  Silicon Valley today is a huge new market, with a very new and unique profile to be explored.  Who better than a small, artisinal company to second their every unknown desire?

The intrinsic value of the great luxury product needs little explanation. It is so wonderful … but getting it to be know is much more difficult and every bit as important.  I’d say essential.  Think of my world of blogging.  There are millions of blogs in the internet, like stars in the sky.  How do I get someone to read me (great content intended)?  That was (and always will be) my greatest challenge!  We heard about ADVOCATES.  And in the high luxury, they seem to be your best word of mouth, and the most convincing!  Your BRAND needs to gain notoriety in the right circles and through the right people (luxury yacht builders? Wonderful Polo Clubs?  Their members?).   It has to be done in an intimate way.  After all, it is a unique product.  Leave mass advertising to the the mass luxury product.  High luxury products require loyalty from the few through, respect, originality, elegance and savoir-faire with great service and quality.  Its word has to be transmitted as a sweet caress, not a slap on your face.

The words that we repeated the most during the summit were:

Millennials
Experience / Emotion
Authenticity / Consistency
Exclusivity
Tradition / Value

These alone are great clues as to how one can reach their objectives.

It was an honor to be part of this great event.  Thank you!

  • July 07, 2016
  • 5

27 Comments

mirna maria ittner giampiccolo
Reply 7 de July de 2016

Consuelo, achei muito interessante esta matéria, só nos acrescenta saber!
Parabéns pelo texto!

    consueloblog
    Reply 8 de July de 2016

    Muito obrigada! bjs c

LÚCIA BRASIL
Reply 7 de July de 2016

Consuelo, a grande maioria de tudo, virou massificação. não sei aí afora, porque não conheço o planeta, apenas alguns países. Dentro do Brasil, onde resido, é muito massificado. Perfumes por exemplo, em outro dia vc falou sobre perfumes de nicho e adorei seu post.Aqui, quando é lançado um perfume, falo duty free,por exemplo, vc sente numa maioria massificada de pessoas. Vira marca registrada.Sapatos, muitos copiam de muitos. A mídia eletrônica, maioria, querem o último lançamento de celular. Produto de luxo, só para os que têm muito dinheiro, porque a classe média vai comprar a bolsa(cópia perfeita) e achar que estar usando a original. No Brasil no momento atual, é mt complicado, acho o mercado de luxo resumido a bem poucos.Porém, em ascenção.Eu prefiro não usar marcas, mas, o que sinto ser perfeito para meu gosto. Luxo, só de vez em quando. Exclusividade por sí só, acho que é luxo, custe o preço que custar, isto eu gosto.No mais a felicidade não tem marcas nem luxo. Postagem de primeira como de primeiríssima é vc que as posta. Muita paz e luz para vc neste e em outros mundos que virão.

    consueloblog
    Reply 8 de July de 2016

    mas é também esse o ponto, não tem que se consumir luxo! bjs c

Sonia ferrari
Reply 7 de July de 2016

Oi Consuelo. Adoro qdo vc vai Walpoli é nos explica tão bem oque esta acontecendo no mundo no mundo das grifes. Sinto grandes mudanças tanto na Europa como no Brasil em relação ao consumo de luxo Mundo em crise. Gostaria da sua opinão como moradora na Italia e conhecedora do nosso mercado brasileiro .Bom esse é um assunto para conversar pessoalmente. ps.eu escrevi uma vez que nāo gostava de Londres masss ....tanto vc é minha filha falarem mudo de ideia. Bjjjjjjj

    consueloblog
    Reply 8 de July de 2016

    Rsss! Londres é linda!!! Não entendi a pergunta! bjs c

Ana Somers
Reply 7 de July de 2016

Oi, Consuelo. ÓTIMO post! Muito interessada em acompanhar tudo sobre os millenials, pois é a geração dos meus filhos.

Seus óculos de sol, belíssimos, são de que marca? AMO seu estilo DE PAIXÃO!

Beijos de Austin, TX

Ana

    consueloblog
    Reply 8 de July de 2016

    São óculos de grau com a lente transition. É francês da marca Peter & May Walk modelo bon summer
    bjs
    c

Francisca Takabatake
Reply 7 de July de 2016

Adorei o post! Londres é tudo de bom. Bjs.

    consueloblog
    Reply 8 de July de 2016

    Concordo!
    bjs
    c

Luciana Rodrigues
Reply 8 de July de 2016

Consuelo, há alguns meses traduzi uma extensa comunicação comercial entre brasileiros e italianos. Justamente... a empresa de nicho italiana indo para o Brasil, e discutindo muito a saturação do mercado paulistano, porque tinham que ir a SP, e o manager no Brasil querendo encaixar tudo em proximidade da SPFW.
Muito interessantes e iluminadores os pontos que você ilustrou.
Parabéns, como sempre.
Bacio

    consueloblog
    Reply 8 de July de 2016

    Q interessante! Ser tradutor tem essas vantagens! bjs c

Maria Vilma
Reply 8 de July de 2016

Participou e participou muito bem, querida!!! É claro que você é muito bem preparada, capacitada e sabe muito!!! Como eu aprendo com você! Achei fantástico o que você falou sobre a descentralização da oferta do mercado de luxo.
Cada geração é influenciada por diversos fatores que influenciam a cultura da sua época (como a tecnologia, desenvolvimento econômico de cada país, região, etc) e por isso têm formas distintas de viver, pensar e de consumir também.
O que me parece, como observadora, é que se antes esse público buscava apenas exclusividade e conforto com um toque de ostentação, agora ele tem novas demandas como simplicidade, praticidade e inovação. Tem mais personalidade ao lidar com essas questões. Acho muito bacana isso.
Obrigada!!!
MaVi

    consueloblog
    Reply 8 de July de 2016

    Também achei bacana! mas consumem muito, viu?!! bjs c

Mia Athayde
Reply 8 de July de 2016

Acredito que seja mesmo um grande desafio (e cada vez maior) as marcas e produtos de luxo se colocarem no mercado.
O mercado apesar de estratificado, é também globalizado.
A comunicação é on line, as tendências se multiplicam e os desejos criados sob medida extrapolam os nichos porque se desmembram com nuançes para poderem ser consumidos por muitos.
Talvez o luxo hoje seja como muitos dizem, o raro, o escondido, o mais rústico, natural, o sustentável, o que preserva e ainda o que garante a perpetuação seja de um lugar, uma comunidade, um conceito de vida.
Luxo é construir uma casa maravilhosa em um lugar onde a natureza está preservada, usando elementos da região e para onde vc só chega em seu helicóptero ... é ter uma joia feita por um ourives ou artesão que leva muuuuiiiittoooo tempo para fazer seu trabalho que é só para vc ... luxo é ter o desprendimento e doar a instituições quadros importantes para que possam ser vistos por muitas pessoas ao invés de ficar enfeitando sua parede ... luxo é comprar terras para preservá-la e fazer parques/santuários ...
Lembrei agora do Bernardo Paz (Inhotim) e do Renato Machado (Ibitipoca) ...
Imagino como deve estar difícil para as marcas criar produtos de luxo ...
Talvez estejamos num turning point ... momento de quebrar alguns paradigmas ...
Adorei te ouvir e apreender mais um pouquinho com vc !
Thankssss!

    consueloblog
    Reply 8 de July de 2016

    E eu aprender com vc! É isso mesmo!
    Mas acho q antes de mais nada tem q se separar o luxo de massa e aquele exclusivo.
    bjs
    c

sonia ferrari
Reply 8 de July de 2016

Mia. Gostei do seu comentario Simplicidade é a chave de tudo....bjjjjjjj

Leticia
Reply 9 de July de 2016

Consu, quanto mais eu vivo mais eu vejo que o maior luxo é ter o tempo pra desfrutar da vida, da família, da natureza... Especialmente vivendo aqui nos States! Claro que no contexto da conferência que vc participou é muito interessante ver o desafio de introduzir o produto do alto luxo, não deve ser moleza para essas marcas! Sim, quem não gostaria de desfrutar de um yatch, num lugar paradisíaco e muito exclusivo... Mas sem o tempo pra fazê-lo não há dinheiro que compre!

    consueloblog
    Reply 9 de July de 2016

    Tempo!! Sem dúvida, por isso é tão importante a experiência! Vc vê? You can turn it around. You also need the best experience for your little time!
    bjs
    c

Adrianne
Reply 9 de July de 2016

Brilhante, BB :)))))

    consueloblog
    Reply 9 de July de 2016

    Obrigada querida!! bjs c

Andrea - Curitiba
Reply 10 de July de 2016

Grande texto, Cons!! Vc sempre nos explicando muito claramente assuntos que estao em voga! Congrats! Bjs....

    consueloblog
    Reply 11 de July de 2016

    Obrigada! querida! Foi muito importante para mim este texto. bjs c

Marina Di Lullo
Reply 10 de July de 2016

Consu, como é bom saber que também este mercado busca alternativas para o que está saturado e que busca a sustentabilidade. Adorei a Mia dizer que talvez estejamos num turning point, tomara que no caminho pra maior consciência quanto aos recursos disponíveis e sua preservação. Beijos

    consueloblog
    Reply 11 de July de 2016

    Hopefully... bjs c

Cintia Falcão
Reply 11 de July de 2016

Adorei a matéria!Parabéns por esse trabalho maravilhoso de levar conteúdo de uma maneira leve, gostosa e ao mesmo tempo, profunda e impactante!

    consueloblog
    Reply 11 de July de 2016

    Suas palavras são um presente! Obrigada! bjs c

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