Mosaico Textual para Caio, por Cris Zanferrari
Mais um texto lindo, lindo da nossa amiga do Salotto e colaboradora, Cris Zanferrari!
Mosaico textual para Caio
Cris M. Zanferrari
“Hoje quero escrever qualquer coisa tão iluminada e otimista que, logo depois de ler, você sinta como uma descarga de adrenalina por todo o corpo, uma urgência inadiável de ser feliz. Ser feliz agora, já, imediatamente.”
Caio Fernando Abreu
Tenho mania de citação. É como se as aspas, esse sinal gráfico que indica a fala de outrem, estivessem o tempo todo ali, só esperando o momento exato de se manifestar. E elas se manifestam o todo o tempo. Vejo uma ponte, e penso em Bakhtin. Olho um poente, e cito Pessoa. Ouço histórias, e lembro deMia Couto. Se a fé me falta, recito Adélia Prado. Pode parecer esquisito, como toda mania. Cada um com a sua.
Digo tudo isso porque a mania da vez tem sido citar Caio. É que ando lendo _ tardiamente_ Caio Fernando Abreu. Digo tardiamente porque lembro de colegas da faculdade reverenciando Caio a partir de “Morangos mofados”. Lembro de, à época, ter folheado o livro e me desinteressado daquele autor assomadamente homossexual, de olhos estranhos, e gaúcho. Colonizada pela literatura norteamericana, como admitir que um conterrâneo, não sendo Érico Veríssimo, pudesse ter talento? Puro (mas felizmente remediável) preconceito juvenil. Tive que crescer, casar, morar longe, tive que enfrentar meus próprios “agostos por dentro”, algo assim como “uma tristeza que nada nem ninguém conserta”. Tudo isso e um bocadinho mais para poder apreciar e reverenciar também _anos-luz depois de formada_ a genialidade de Caio.
Certos livros e autores, assim como as melhores coisas da vida, também vêm a seu tempo. E descobri-los pode ser uma aventura literária das mais lindas, das mais reveladoras. Pode ser uma “pequena epifania”, daquelas “miudinhas, quase pífias revelações de Deus feito joias encravadas no dia-a-dia”. É assim: você está lendo um poema, um romance, ou quem sabe uma crônica no jornal e, de repente, você se depara com uma verdade. Mas não é uma verdade qualquer e, sobretudo, não é para qualquer um. É a sua verdade. Algo que toca o mais íntimo do seu ser. Algo que toca profundamente a realidade da sua vida.
A literatura de Caio é um alento, um contentamento, porque dá uma vontade louca de se querer simplesmente: viver. E ser feliz. E num mundo tão freneticamente embrutecido, ser doce. Tanto quanto a doçura de suas palavras: “Lembranças passam pela cabeça sem se deter. São humildes, parecem esperar um aceno para caírem sobre mim. Quase nunca faço esse aceno; elas desaparecem, deixando um gosto e um cheiro muito leves de poeira, armário aberto depois de muito tempo, lençol limpo, café preto com broa de milho. Gosto de tempo, elas deixam.” Caio dá vontade de suspender o tempo, de fazer o mundo girar com menos pressa e mais contemplação. Dá vontade de se encher de ternura com a beleza que ele faz emergir das palavras. E do cotidiano. Porque afinal de contas, “O segredo do belo está aqui, ó. […] Na sua cuca, no seu olho que realmente vê, dentro de você. Se você souber olhar as coisas dum jeito mágico, tudo fica mais bonito.”
Mas não se engane. Ninguém lê Caio impunemente. Porque Caio questiona (“Quanta ilusão. Um dia o circo pega fogo, a morte chega e de que serviu essa alegria toda?”), instiga (“Para onde vão os filmes, dentro da gente, depois que você sai do cinema?”) ,constata (“A vida é apenas uma ponte entre dois nadas e tenho pressa”), provoca (“Tão arrogantes: quem tem, afinal, o poder de salvar o outro de seus próprios abismos?”), espera (“Quero mais, quero o que ainda não veio”), deseja (”“Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, bem assim: que seja doce”), aconselha (“Coisas belas, coisas feias: o bom é que passam, passam, passam. Deixa passar”), compreende (“A gente nunca pode julgar o que acontece dentro dos outros”). Não se lê Caio sem se doer um pouco. Ou muito. É que buscar a verdade dói e, por vezes, dói ainda mais encontrá-la. E na obra de Caio se encontram muitas verdades.Verdades mundanas. Verdades existenciais. Verdades e incertezas. Verdades e esperança. Sim, porque também não se lê Caio sem se ter esperança: “Que é da natureza da dor parar de doer, tenho aprendido.”
Caio nos faz perder o medo (ele que tinha tanto medo) de tudo o que é humano e, que justamente por ser humano, pode ser assustador. É preciso ler seus contos, suas novelas, suas crônicas, suas cartas, para perceber que Caio sempre é profundo, mesmo quando parece_ só parece_ superficial. Caio nos incita a perceber sutilezas_ ““Quem só acredita no visível tem um mundo muito pequeno”_ , a confiar na vida _ “Naturalmente a saia é justa, mas como a fé é larga, fica tudo equilibrado”_, a recusar desesperar _“Continuo a pensar que quando tudo parece sem saída, sempre se pode cantar”.
Das infinitas possibilidades que a vida nos dá, ler é uma das mais acessíveis, e talvez por isso_ como tudo aquilo que está demasiadamente à nossa mão_ tantas vezes a negligenciamos. Soubéssemos do bem que nos faz, leríamos com o mesmo cuidado de quem toma um remédio para viver melhor.
Das inúmeras possibilidades de ler o mundo, ler Caio é uma das mais perturbadoras, vertiginosas e gratificantes. Ler Caio é perceber-se mais gente, mais humano, mais vivo. Ler Caio é antecipar uma saudade. “Saudade do que nunca vi, de quem ainda não amei: os caminhos são muitos e nós estamos vivos”.
Saudade de ter te lido antes, Caio. Saudade de te ler pra sempre. E, mais que tudo, vontade enorme de “ser feliz agora, já, imediatamente.”
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- May 13, 2015
- 0
- Cris Zanferrari
Alexandra
13 de May de 2015Que lindo texto Cris!!!!!
Não conheço o Caio, mas por pouco tempo.....tô indo atrás já!
Adorei a última citação, sobre a saudade.....também sinto uma imensa saudade de coisas, lugares e pessoas que ainda não conheci.....
Ler é uma das melhores coisas da vida....é viajar pra longe, é viajar para o nosso próprio eu sem sair do lugar.....
Obrigada! Beijos!
PS: Bom dia, Salotto amado!!!!!!
Cris M. Zanferrari
13 de May de 2015Que bom que gostou, Alexandra!!
Se me permitir, sugiro começar pelo livro "Pequenas epifanias", que é uma seleção de crônicas... um texto mais lindo que o outro!!
Boas leituras, querida!!
Bjs literários
Maria Benincasa
13 de May de 2015Ahhh, vou me intrometer nos comentarios da Ale e seu, Cris, pra já pegar essa indicação.!
Obrigadinha!
Andreia Mota
13 de May de 2015Bom dia Cris, que saudade do seu sopro de ânimo!!!! Menina, eu achava que a MaVi era a rainha das aspas, mas você conseguiu me convencer que, não só a vida é um par de aspas, como também precisamos dos parênteses para dar uma pausa, desacelerar, rsssss. Estou apaixonada por Caio, quero devorá-lo já, imediatamente, tenho fome das suas verdades tão pessoais e interiores. Outro dia Consuelo citou um trecho dele e fiquei com a frase martelando na cabeça, bendita você que consegue, com muito carinho e sutileza, fazer a mente dos que aqui aportam, transbordar de emoção. Isso faz um bem danado e não escolhe a quem agradar, é só chegar, ler e sair renovada(o). Hoje estou no trânsito, mas vou voltar para reler tudo e todos os comentários. Um beijo grande queridas Cris, Diva e Salotto.
Andreia Mota
13 de May de 2015Salotto, consegui achar no google livros vários livros do Caio, digite o nome dele e clique no google livros, ulalá, rsssss. beijos
Ex.: O essencial da década de 1990
https://books.google.com.br/books?id=UraZBQAAQBAJ&printsec=frontcover&hl=pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false
Cris M. Zanferrari
13 de May de 2015Obrigada pelas palavras lindas e carinhosas, querida Andreia!!
Eu também já estava com saudade desse contato por aqui...
Olha, como eu sugeri pra Alexandra, "Pequenas epifanias" é um livro de crônicas sobre os mais variados assuntos, é o meu Caio preferido! Pra ficar no mesmo gênero, também gosto de "A vida gritando nos cantos". Depois, claro, Caio é famosíssimo por seu "Morangos mofados", um livro de contos.
Eu tenho praticamente TODOS os livros dele...kkkkk... e não me canso de ler e reler!
Boas leituras pra vc!!
Bjs literários
consueloblog
13 de May de 2015Conheci o Caio aqui neste super texto, e raciocínio, da Cris. Daí usei ele!
bjs
c
Maria Araci
13 de May de 2015Ufa!!!!!!! Que lindo!!!!!!!!
Cris M. Zanferrari
13 de May de 2015Obrigada, Maria Araci!!
Um bjo carinhoso com o desejo de um dia bonito!
Ivani Weffort
13 de May de 2015Cris a imagem da ponte Golden Gate e o texto sobre Caio Fernando Abreu me iluminaram o dia. Muito obrigada!!!!!! quando podemos ler tudo fica claro e leve!!!!!!bjs
Cris M. Zanferrari
13 de May de 2015Obrigada, querida Ivani!!
Penso que ler é alimento para a alma, por isso nos sentimos melhores e mais humanizados depois de uma boa leitura!
Bjo com afeto
Cassiano Soares Lopes
13 de May de 2015Cris do meu coração, esse post me serviu como uma luva, again! Estou numa crise existencial (ups & downs, highs & lows, bate & volta) que está me deixando louco!?! Confesso que sempre quis ser intelectual, entender de política, arte, sociologia, filosofia, poesia e afins. Mas tinha vergonha de falar besteira e por isso deixei de lado e me dediquei às futilidades - grande erro! Hoje, mais maduro, busco os entendimentos, as compreensões, as razões da vida... E as aspas tem justamente esse impacto de "acorda para a vida" e "preste atenção aos sinais" sobre mim. As frases motivacionais, textos lidos de surpresa e "memes" descarados que às vezes me dão a sensação de um tapa na cara, tem sido uma grande injeção de ânimo que me fazem, por alguns segundos, entender certas preocupações. Estou fazendo um tratamento da alma e ainda é muito cedo para eu poder tirar alguma conclusão. Porém, tenha certeza de que essa sua sugestão fará parte do meu combo. Muito obrigado! Consuelo, obrigado por nos apresentar a Cris! Cassi
Maria Benincasa
13 de May de 2015Futilidades??? Te acho sempre tão intenso! Sabe de tantas coisas interessantes!!! Talvez a maneira como vc se aproximou do conhecimento, na tua visão, pode até ter parecido diferente. Mas conhecimento é o maior tesouro que se pode ter, idependente de como é adquirido!
"Ao infinito e além" Cassilindo!
bjs da roça
Cassiano Soares Lopes
13 de May de 2015Ô Lady Mary... Obrigado pelo carinho!!! Tens razão... Talvez ao meu olhar a aproximação desse conhecimento tenha sido equivocada. Thanks a bunch! Bjocas da minha roça também!
Andreia Mota
13 de May de 2015Não estou preocupada com o que irá sair deste casulo, tenho certeza que depois do amadurecimento apropriado uma alma linda, nova e livre voará por belos prados. Hoje estou tão... merengue com morango, rsssss. Beijos meu Cacho querido.
Cassiano Soares Lopes
13 de May de 2015Adoro merengue com morango! E estou me preparando para voar Andreita! Bjocas amada.
Cris M. Zanferrari
13 de May de 2015Cassi querido!!
Pra não abandonar minha mania de citação, vou te confortar com palavras do próprio Caio: "futilidade é o que mais salva a gente." Este consolo está no texto "No dia em que Vargas Llosa fez 59 anos", e publicado em "Pequenas epifanias."
Fico feliz por poder contribuir com essa dica para o seu "combo". Você está no caminho certo, que é buscar a si mesmo!! Continue lendo os sinais, as aspas da vida, e saiba que a literatura é fonte segura para nos conhecermos melhor. Quer ver por quê? "A literatura conversa com o nosso silêncio. A literatura permite que nossos fantasmas venham à superfície tendo como objeto a palavra. [...] todo conhecimento adquirido pela literatura nos chega vestido de beleza. Ser alfabetizado pela literatura é alfabetizar-se em sensibilidade." Palavras do sábio poeta Bartolomeu Campos de Queirós.
Boas leituras de mundo, querido Cassi!!
Bjs literários
Cassiano Soares Lopes
13 de May de 2015...in tears... obrigado Cris!
Marina Di Lullo
14 de May de 2015Lindas pslavras do poeta!!! Bjs
Conceição
13 de May de 2015E você, sr. Cassiano Soares Lopes, está quebrando a cabeça a toa ao falar das futilidades da vida como sendo prescindiveis.
A maior parte das pessoas que atravessaram meio seculo de vida compartilha da opinião de que a partir de agora, na chamada maturidade, o que importa são as coisas simples, vulgarmente conhecidas como futeis.
E seu segundo erro será açreditar que o ser humano é uma obra acabada, ou seja, ficamos maduros e plenos. Gente assim, que se acha pronto, é chata!
A duvida é o que nos movimenta meu bem!
Num vai se torna um chato cabeça aqui no Salotto, hein!
Bjsbjs
Cassiano Soares Lopes
13 de May de 2015hahaha Adorei Conceição! Chato cabeça jamais! Bjocas.
Maria Vilma
13 de May de 2015É querido Cassi...A Jovita tem razão. Quem nunca vivenciou, vivencia ou vivenciará coisas assim...?
E para não perder o hábito (rsrsr)... vai um trecho
da música de Renato Russo:
"Mas é claro que o Sol
Vai voltar amanhã
Mais uma vez, eu sei
Escuridão já vi pior
De endoidecer gente sã
Espera que o Sol já vem."
um grande abraço, meu amigo!
Andreia Mota
13 de May de 2015Amiiiiga, agora você arrasou!!! Quando o meu maridão ficou desempregado, demiti a empregada, cortei gastos, lavei, passei, cozinhei e rezei todo santo dia. Caio já escrevia “Continuo a pensar que quando tudo parece sem saída, sempre se pode cantar”. Eu fiz desta música o meu hino de esperança. Estou aqui completamente emocionada, um beijo meus queridos Cassi e MaVi.
Maria Vilma
13 de May de 2015Andreita - Cassi - pensamos que somos únicos, mas verificamos que somos muitos…
Sua emoção é a minha/nossa, querida!
Cheiros...!!!
Cassiano Soares Lopes
14 de May de 2015Que lindo MaVi! O sol está por vir. Ele está bem ali, atrás das nuvens... Bjocas amada!
Marina Di Lullo
14 de May de 2015MaVi, palavra certa na hora certa, como um anjo que caiu dm nossas vidas.
Andreia, nunca duvidei que vc é Mulher com M maiúsculo, ponta figne medmo!!
Cassi, como já ouvi, crescer dói, estou com você nesta jornada. Beijos meus amores.
Marina Di Lullo
14 de May de 2015...ponta firme mesmo...(não deu pra revisar a digitação, agora saem as palavras em um campo estreito pelo celular, não sei o que houve).
Maria Vilma
14 de May de 2015Obrigada, querida Nina!
Bjs!
Jovita Agra
13 de May de 2015Ô Cassi, quem nunca teve uma sequer umazinha crise existencial? Quem nunca alguma vez pensou em desistir de algo ou de alguém? Quem nunca alguma vez se questionou um motivo qualquer? Esses momentos fazem parte da vida e importante é saber conduzi-los e superá-los. Desejo que você encontre as respostas que busca e seja muito, muito feliz porque você é muito "mais" do que imagina. Bjocas.
Cassiano Soares Lopes
14 de May de 2015Obrigado Jô! Estou a procura de respostas e vou encontrá-las. Um beijo!
Andrea - Curitiba
13 de May de 2015CASSI , nosso principe do salotto!! Sem um pouco de sofrimento nao se alcanca o que se quer....Calma e ponderacao! O que eh teu esta muito bem guardado! Bjs e fique na paz!!!
Cassiano Soares Lopes
14 de May de 2015Obrigado amada Andy! Bjocas!
Sara
13 de May de 2015Que alegria achar um pouquinho do Caio Fernando Abreu aqui. Tão inesperado! Acho ele ótimo, um pé na Clarice Lispector e um pé num mundo só dele, mas que serve tão bem de espelho para o nosso! Por ter sido tão verdadeiro na sua literatura, eu diria que o Caio não é moderno, mas contemporâneo! Beijos, Salotto!
Cris M. Zanferrari
13 de May de 2015Sara,
E eu complementaria dizendo que Caio é "atemporal"!!
Bjs, querida!!
Sara
13 de May de 2015Cris,
é essa a palavra, mesmo: atemporal! Beijo!
Maria Benincasa
13 de May de 2015Como se expressa com caracteres o mais profundo suspiro???
Cris, seu texto é sublime! E de uma lógica encantadora! Como disse aí em cima, vontade de mergulhar a fundo, pois entre todas as coisas, também penso que quem só acredita no visivel (e naquilo que se pode pegar), tem mesmo um mundo muito pequeno.
Obrigada por esse presente para nossa alma!
Obrigada Lady!!!
bjs da roça, agora, mais iluminada!!!
Cris M. Zanferrari
13 de May de 2015Maria Benincasa,
muito obrigada por suas tão queridas palavras!!
Gosto tanto de ler que tenho essa necessidade de compartilhar o encanto pelas palavras para que mais gente leia e para que se leia mais e mais, porque acredito nos inúmeros benefícios da leitura literária!
Bjs com afeto
Conceição
13 de May de 2015Engraçado Cris...uso o Caio em minhas aulas de Historia do Brasil pra pensarmos a desilusão urbana. Poucos textos deles me remetem a euforia, alegria, contentamento.
Ao contrario de você, conheci o Caio e a Hilda Hist ainda na graduação. Li tudo compulsivamente. Era muito jovem e eles representavam a minha agressividade contida. Rsrsrs
Hoje meu furor energetico vem da leitura de alguem como Manoel de Barros. Um alivio que busco nos dias ruins...
Espeor que voce não ache que estou criticando/julgando sua experiência com Caio...estamos só trocando impressões
Bjs
Cris M. Zanferrari
13 de May de 2015Querida Conceição!!
Que maravilha você estabelecer este intertexto entre Literatura e História! Oxalá eu tivesse tido algum professor com essa sensibilidade... muito provavelmente compreenderia melhor as questões de nosso Brasil atual.
E, sim, você tem razão: Caio era melancólico e até depressivo, mas foi sempre muito esperançoso e doce, e acho que a genialidade do artista tem a ver com essa capacidade de sublimar a dor, transformando-a em algo maior que ela própria e que vem a ser uma experiência de beleza, de prazer estético (no caso dele, essa experiência estética vem da palavra, do uso que ele faz da linguagem). Essa, ao menos, é a minha impressão...hehehe...
Já Manoel de Barros, eu escolho sempre! Para dias bons ou ruins, ele parece ter sempre a medida certa. Mas nos muito ruins, confesso que eu leio mesmo é Adélia Prado, meu bálsamo e minha oração!
Bjo grande
Conceição
13 de May de 2015Boa pedida!
Adelia pra salvar o cotidiano...
Bj
teresa
13 de May de 2015Cris, que belo resgate! Li alguns livros dele nos anos 80. Combinando com canções de Cazuza e desenhos de Leonilson, 3 garotos que desafiavam comportamentos estabelecidos com sua arte. Seu texto me provocou... assim que possível vou reler. beijos!!!
Cris M. Zanferrari
13 de May de 2015Ah, que bom, Teresa!
Escrevi para que o texto fosse exatamente um convite a ler ou reler esse magnífico autor!
Boas releituras, querida!!
Bjs
Maria Vilma
13 de May de 2015Cris...! Estou emocionada. Muito.
Teria escrito este texto. Se tivesse competência... Não para falar do Caio Abreu
que eu não o conheço, ainda. Mas de todas as criaturas que conhecem, como
ninguém, o endereço do nada. E, quando lhes sopra a inspiração Divina, vão lá
e retiram imagens, metáforas e palavras... que dizem além do que elas significam...
E os significados são únicos e muitos...
Eu também tenho mania de aspas... rsss... Para citar o que falam e dizem
claramente e ou nas entrelinhas: os grandes mestres e ou pessoas comuns... Precisamente, o que o meu encantamento e entendimento me dizem para
aprender e internalizar, refletir, praticar... e, por que não, compartilhar com
quem quiser e gostar.
Cris, muito obrigada pelas aspas, entrelinhas e iluminuras de sempre!
Bjs, MaVi
Andreia Mota
13 de May de 2015Rsssss, beijos minha querida MaVi Aspas Pascolato, rsssss.
Maria Vilma
13 de May de 2015HAHAHAHA... A propósito...
"Sempre conservei uma aspa à esquerda e à direita de mim."
(Clarice Lispector).
Bjsssss
Cris M. Zanferrari
13 de May de 2015MaVi querida!!
Você sempre se expressa tão bem! Com certeza tem não apenas competência para escrever, mas muita sabedoria para compartilhar!!
Fiquei muito contente de saber que temos essa mania em comum! Acho que isso significa que fazemos boas leituras, de pessoas e de letras, e coisas boas merecem ser partilhadas!!
Obrigada pelas queridas palavras!!
Bjs com muito afeto
Maria Vilma
14 de May de 2015Obrigada, eu, Cris!
Eu também fiquei feliz e honrada em saber que
compartilhamos do mesmo sentimento pelas “spas”...rsss
Beijos!
Marina Di Lullo
14 de May de 2015Muito obrigada MaVi e Cris, por todas as aspas compartilhadas!!! Bjs
Mari
13 de May de 2015Como eu adoro esse momento ''Literapia".. :) ;) e q você sempre c tanta sensibilidade compartilha c todas nós! CFA é demais, gaúcho de Santiago, nos deixou cedo
mas a sua genialidade irreverente fica p sempre.
..."Mas não é uma verdade qualquer, e sobretudo, não é p qualquer um.
É a sua verdade. Algo q toca o mais íntimo do seu ser. Algo q toca profundamente
a realidade da sua vida".. lindo demais!!!!!!
Obrigada Cris por esse momento de total inspiração q faz um bem danado p a alma!
Beijos à todos
Cris M. Zanferrari
13 de May de 2015Obrigada e obrigada, querida Mari!!
É muito gratificante saber que você também sente esse momento como terapêutico, pois é algo no qual acredito piamente!! Como diz Manoel de Barros: "Os delírios verbais me terapeutam."
Terapia pura!!
Bjs literários
Janisete Miller
13 de May de 2015Oi Cris,
Lindo seu texto e em muito boa hora!
Adorei as "possibilidades de ler o mundo" - li Morangos Mofados e alguns outros textos dele quando estava na graduação e gostava muito, além de achar o máximo te-lo visto várias vezes nas filas da Mostra Internacional de Cinema de SP que eu adorava frequentar na minha época de graduação e pós.
Obrigada por reavivar minhas lembranças...
bjs.,
Cris M. Zanferrari
13 de May de 2015Que sensacional você tê-lo visto "ao vivo e a cores", Janisete!!
Sabe que muitas das crônicas dele que estão em "A vida gritando nos cantos" falam de filmes que ele assistia nessas mostras? Ele era um cinéfilo apaixonado!
Que bom reavivar boas lembranças!!
Bjs afetuosos
Jovita Agra
13 de May de 2015Cris de Deus!!! Que texto inspirado e verdadeiro!!! Confesso humildemente que já havia lido sobre Caio Fernando Abreu, críticas em jornais e revistas, mas não tinha conhecimento da maravilha de sua obra. Babei com seu extraordinário texto, com tanta sensibilidade. Obrigadíssima pelo post e vou conhecer melhor a obra desse danadinho do Caio. Beijo com carinho.
Cris M. Zanferrari
13 de May de 2015Obrigada, Jovita querida!!
Se me permite, sugiro que comece pelas crônicas de "Pequenas epifanias", e depois com a coleção "Caio 3D: o essencial das décadas de 70, 80 e 90", onde constam contos, crônicas e belíssimas cartas dele a amigos e familiares.
É lindo de ler e de viver!!
Bjs com o desejo de boas leituras!
Mia Athayde
13 de May de 2015Consuelo cara,
Cris querida,
Salloto do coração ....
Cada vez mais, acredito que recebemos dons e talentos de presente.
E temos, sempre, a possibilidade de engrandecê-los, ampliá-los, darmos brilho a eles e compatilhá-los para que cada vez mais, reverberem.
Consuelo faz isso com espontânea maestria :))
Vc Cris, da mesma forma, nos dá gifts em palavras com rara eloquência e deliciosa competência!
Vivaaaa!!!!
Em tempo: morro de inveja de quem tem a memória brilhante e consegue se lembrar de citações para usar as aspas nos pensamentos, no papel, na tela do computador ....
Muito obrigada !!!!!!!!!!
Cris M. Zanferrari
13 de May de 2015Mia querida,
quem dera minha memória fosse assim tão vivaz...hehehe...
Na verdade, guardo na lembrança muito do que leio e sei dizer em que livro se encontram as passagens mais importantes (todas sublinhadas), mas daí a citá-las de cor já é outra história! Quando escrevo, costumo me cercar dos livros cujos autores tenho a mania de citar, e transcrevo as passagens direto da fonte (até porque sempre tenho a preocupação de manter a fidedignidade do pensamento alheio...hehehe...).
Então, amada, agora que você conhece mais uma de minhas manias, não precisa mais morrer de inveja...hehehe...
Bjs com muito afeto
Ana Peruchi Milanez
13 de May de 2015Um presente para encerrar o dia......
Lindo Cris
Bjs
Cris M. Zanferrari
13 de May de 2015Presente mesmo é esse Salotto querido, né Ana?
Muito obrigada, querida!!
Bjs meus
Andrea - Curitiba
13 de May de 2015Como sempre, nossa grande Cris nos enchendo de sabedoria!! Bjs e obrigada........
Cris M. Zanferrari
13 de May de 2015E você, querida Andrea, sempre muito gentil!!
Obrigada, de coração!!
Bjs e bjs
Catarina de Lisboa
13 de May de 2015Como fiquei sem fôlego! Que viagem. Fui do ápice ao precipício com este texto. Mergulhei nas profundezas da longínqua infância. Fui lembrar da época em que a minha mãe ainda cantava. Tempos tão felizes. Depois nunca mais cantou. Tenho que procurar este Caio. Tenho certeza que ainda me vai fazer sair muita lágrima. Mas que toca no ponto certo, toca.
Grata, muito grata Cris. Sabe quando andamos tão enredados na vida, que empurramos com a barriga. De vez em quando precisamos de um safanão para lembrar que não é essa que queremos ser.
Um beijo de Lisboa, Catarina.
Cris M. Zanferrari
13 de May de 2015Catarina querida,
com certeza irá chorar sim com alguns dos textos do Caio, mas vai também encontrar uma doce esperança e uma terna vontade de viver!
Se você leu os comentários acima, já deve ter visto que tenho sugerido começar pelo livro "Pequenas epifanias", que é um livro de crônicas dos mais bonitos que já vi! Você também pode conhecer mais sobre a obra dele no site oficial: www.caiofernandoabreu.com !
Tudo de bom pra você, querida!
Bjs com afeto
Laíse
13 de May de 2015Cris,
Amanhã mesmo vou procurar "Pequenas epifanias" para comprar e já ansiosa para ler. Algumas citações têm o poder de desvendar verdades escondidas em nosso íntimo. Te admiro por sua sensibilidade e te agradeço por compartilhá-la conosco. Bjs
Cris M. Zanferrari
13 de May de 2015Laíse,
obrigada pelo carinho e boa leitura, querida!!
Bjs com afeto!
Tânia Sciacco
13 de May de 2015Amei Cris!! Ando com esta vontade, a de " de fazer o mundo girar com menos pressa e mais contemplação." E incrível isto que você escreveu:
Das infinitas possibilidades que a vida nos dá, ler é uma das mais acessíveis, e talvez por isso_ como tudo aquilo que está demasiadamente à nossa mão_ tantas vezes a negligenciamos¨. Beijos querida e continue escrevendo e lendo muito!!
Cris M. Zanferrari
14 de May de 2015Tânia querida,
que bonito saber quais as partes do texto que te tocaram mais! As aspas que escolhemos citar sempre dizem muito sobre nós mesmos!!
Obrigada pelo carinho e pelo incentivo!!
Bjs afetuosos
Marina Di Lullo
14 de May de 2015Querida Cris, "que seja doce" (tanto dias nublados quanto de Sol), "deixa passar", "a fé é larga, fica tudo equilibrado", "é da natureza da dor parar de doer", "sempre se pode cantar", são trechos das suas citações de Caio Fernando Abreu que, posso te assegurar, são como bálsamos. Há situações que te jogam nas ondas do mar aberto e a única coisa que se precisa é de uma mão que te segure, com sua compreensão. Vc Cris, sem sabê-lo, veio até mim, com as palavras de Caio e segurou na minha mão. Muito obrigada!! Ah! Lembrei também de uma entrevista de Maria Adelaide Amaral, em que falava com tanto carinho e intimidade do Caio que, ela me deixou a impressão de ele sido um amigo verdadeiro, como verdadeiras eram suas palavras, na dor e na alegria. Beijos com afeto
Cris M. Zanferrari
14 de May de 2015Ôooo, Marina querida!!
Fico emocionada de saber que as palavras podem tanto!! Mas elas podem mesmo, e é por isso que AMO ler literatura, pois ela nos ajuda a viver melhor, ela também é a mão que se estende em nossa direção!!
Que nunca te falte essa mão amiga, que vem através das palavras, mas que pode também vir através de um olhar, de um gesto, ou simplesmente de alguém que te escute com o coração...
Tudo de bom pra ti, guria!!!
Bjo bem carinhoso
Marina Di Lullo
14 de May de 2015Obrigads Cris!! Por coincidência do destino, ontem recebi a visita de uma grande amiga da época da faculdade e resgatamos uma à outra. Foi tão lindo!!! Bjão
Daniela Giuliboni Coelho
14 de May de 2015Oi querida Cris que texto maravilhoso que coisa mais linda!!!!Agradeço a vc por ter me apresentado ao Caio,pois não o conhecia até agora........Vou começar pelo livro que vc sugeriu aqui "Pequenas epifanias". Amo viajar na vida real,mais também viajo através dos livros, para mim e como viajar o mundo sem sair do lugar!!! Amo ler!!! Bjsss com muito carinho e obrigada!!!
Cris M. Zanferrari
14 de May de 2015Muito, muito obrigada, querida Dani!!
Que você tenha muitos momentos de epifania lendo Caio!!
Bjo com bastante afeto!
Marcia
15 de May de 2015Cris, primeira vez que comento num post seu, embora os leia com frequência. Já li vários textos e resenhas apresentando Caio ou sua obra mas - acredite - nenhum deles me despertou a vontade de conhecê-lo como essa preciosidade com que nos brindou. Obrigada pelas dicas, começarei com Pequenas Epifanias.
Um beijo
Márcia
PS: Se tivesse melhor memória, certamente seria eu a rainha das citações. Tem gente que tem o talento de colocar em palavras nossos sentimentos mais profundos que, muitas vezes, não conseguimos nem mesmo formular.
Cris M. Zanferrari
18 de May de 2015Obrigadíssima por comentar, Márcia!!
Vai começar muito bem... desejo que você tenha uma leitura repleta de epifanias!!
Bjs, querida!!