Wanglenciaga!!: Alexander Wang vai à Balenciaga

Quem é Alexander Wang?  Talvez vocês tenham ouvido falar dele nestes últimos tempos pois na segunda-feira anunciaram que ele será o novo diretor criativo da Balenciaga.  Para o mundo da moda isto é uma notícia muito importante pois mais uma das grandes maisons troca seu timoneiro.

Mas para entender a estória toda, temos que voltar um pouco para trás.  O basco, Cristobal Balenciaga, criou a sua maison em Paris em 1937.  Sem dúvida ele foi um dos grandes couturier de todos os tempos.  Na minha opinião, o melhor.  Sua habilidade estava em construir peças que moldavam e emolduravam a mulher criando novas formas quase como um arquiteto, mantendo uma elegância e originalidade impar!

Cristóbal Balenciaga

Por vários problemas em 1968 fechou-se a maison e Cristobal morre em 72.  Em 1986 a marca é comprada e passa por alguns designers até chegar a Nicolas Ghesquière em 1997.  Ele definirá o estilo da maison nesta sua nova era.

Nicolas Ghesquiére

O Francês consegue trazer uma incrível modernidade à marca, mantendo o lado arquitetônico através do ótimo atelier, sempre na vanguarda como Balenciaga, e ao mesmo tempo respeitando o patrimonio.

À esquerda uma peça de Cristóbal Balenciaga, à direita de Nicolas Ghesquiére que consegue transformar o incrível patrimonio da marca em algo contemporâneo.

Durante os 15 anos que Ghesquiére liderou a maison, entre 1997 e 2012, ele fez parte da elite de estilistas que definiram a tendência de Paris e do mundo.  Yves Saint Laurent, com o próprio e seguido por Tom Ford, e Dior com Galliano eram dois dos outros.

Alguns dos looks icônicos de Nicolas Ghesquiére para a Balenciaga. (Imagens Style.com)

Ele desfilou parkas quando ainda poucos o usavam, e o transformou em peça de alto prêt-à-porter.

E este é o mesmo casaco que estou usando nesta foto de Sartorialist.
Um mês atrás foi declarado que Nicolas Ghesquiére sairia da Balenciaga.  Com esta mudança, o trilátero da moda francesa teve uma mudança drástica; Raf Simons sendo o novo diretor criativo da Dior e Hedi Slimane da Yves Saint Laurent.

Desde o início dos anos 90 algo mudou muito no mundo da moda.  Criaram-se os grandes grupos de moda, sendo os maiores os franceses LVMH e PPR (ao qual pertence a Balenciaga).  Seus proprietários não estão lá para criar moda, mas sim para fazer business.  Com a morte ou aposentadoria dos grandes mestres couturiers, os novos criadores sofrem uma pressão muito maior do que só criar, eles tem que ganhar dinheiro.

Entra a internet e a maior democratização da moda desde a Rive Gauche de Saint Laurent.  Neste último caso abriu-se a moda de qualidade a uma nova parte da população com preços mais acessíveis do que das grandes maisons.  Com a internet, a democratização foi da informação de moda.  Com ela a rua ganhou enorme importância como criadora de tendências.

Em Paris hoje, nomes como Isabel Marant, ditam moda com a mesma força, ou até mais, do que Dior, Saint Laurent ou Balenciaga.  Mas a sua é uma marca comercial.

Milão, que talvez é a melhor harmonização entre tendência e comércio, já mostra segundas linhas (Emporio Armani, Blugirl, etc) há muito tempo, dando assim também o seu aval à moda comercial. Será então esta a direção da moda?

Entra Alexander Wang.  Este americano de 29 anos, com origem de Taiwan, é conhecido por o que foi chamado de M.O.D (Models Off Duty); ou seja modelos fora das passarelas.  Aquele estilo despojado, street, elegante sem afetação que as modelos usam.  Portanto, ele não é um couturier.  E jovem, muito jovem, de idade e experiência pois sua marca foi aberta em 2005.

(Vocês não acham que suas peças lembram um pouco o Balenciaga de Ghesquiére?)
Imagens Stylesight

Como pode ele então tão jovem e inexperiente ser líder criativo de uma das marcas mais importantes do planeta? Heresia!!! Gritam a gang da moda!!

Eu, acredito que é a França se adaptando aos tempos.  Uma busca do contemporâneo (leia-se também comercial) para uma marca icônica que representa a moda francófila! 😉

Para Wang é uma chance enorme!!  Com este cargo ele se une aos top designers e a um dos melhores ateliers do mundo!  Mas a pressão é enorme.  Não só ele vai ter que criar para a Balenciaga, mas também vai continuar desenhando para a sua marca nos Estados Unidos.  Entre o masculino, feminino e acessórios, é capaz que ele tenha que desenhar 20 coleções ao ano!

Honestamente eu não o conheço bem, portanto não consigo julgar se ele terá a capacidade.  Com certeza ele é inteligente e tem energia.  Suas últimas coleções tem algo de Balenciaga simplificado… Então, quem sabe?  Só vendo.  Ele também vai poder contar com o apoio da imprensa americana, o que não é pouco.

Mas e para Paris, e a moda, o que isto tudo quer dizer?… Revolução ou simplesmente novos tempos?…